🤞Errar para ser errado, errar para ser lembrado.
Errar pode ser fatal, mas evitar o erro é a pior das mortes em vida. A Igreja Católica fez a gente sentir uma culpa que não é nossa, o jogo capitalista fez a gente achar que falhar te faz inferior, seus pais… Bom, seus pais celebraram seus acertos como se você fosse um gênio e se decepcionaram amargamente com seus erros — a mínima chance de uma tentativa que não fosse bem-sucedida fazia seus pais sofrerem e você assistir a tudo isso enquanto ainda tinha uma chupeta na boca (faça terapia)!
Falhar mais é necessário, é pra ontem. É a única forma de passar a acertar mais também. Gafes e deslizes acontecerão, alguns atos serão imprecisos e imperfeitos, mas é assim que se faz para que a existência nesse planeta seja orgânica como deve ser. Aldous Huxley alertou em Admirável Mundo Novo os perigos de uma vida perfeita, plastificada (e nós já temos pílulas de dopamina demais nesse mundo).
Talvez a gente enquanto sociedade tenha escolhido as batalhas erradas: ganhar mais dinheiro, ter mais conforto, viver com mais estabilidade, comprar mais coisas. Quanto menos existir o erro, mais longe você vai (num sistema podre), mais aplausos você ganha (em relações interpessoais de interesses conflitantes) e menos dor de cabeça você tem (mas alguém vai pagar o pato no seu lugar).
Cometer o inseguro é contraintuitivo, mas é o que nos torna humanos. É não ter certeza se um beijo continuará beijo no dia seguinte ou se tornar-se-á (mesóclise hehe) choro; é mergulhar fundo numa piscina de ideias que te consomem e sentir as mesmas borboletas no estômago de quando você tinha catorze anos e teve seu primeiro encontro no cinema do shopping, sem saber o que aconteceria dali pra frente naquela tarde.
No entanto, é bom avisar de antemão que, com certeza, você vai cair. Mas cairia mesmo que evitasse o erro, porque a gravidade é cruel e inevitável — uma hora ela vai te derrubar. É por isso que se manter desequilibradamente equilibrado numa corda bamba pode ser a única saída para resgatar o pico da adrenalina que tem sido perdida dia após dia (e você mal tem tempo pra reparar nisso, pois alugaram sua alegria e tiraram seu tempo livre também).
Não é sobre correr riscos mortais ou irreversíveis. É pura questão de sobrevivência da espécie. É a mais pura questão de sentir-se falho e de ter orgulho disso.
É, por que não, errar para ser errado. E errar para ser lembrado.
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